Eu, eu mesma e um câncer de tireoide

Olá!

Finalmente vou fazer um post falando um pouco mais sobre esse probleminha que me afligiu por esses últimos dias.

Inicialmente confesso que eu não sabia se iria falar sobre o assunto. Afinal, é algo tão delicado, né?

Mas depois pensei que é muito mais fácil passar esses problemas acompanhada do que sozinha, e qual companhia melhor que vocês? <3

Sem contar que provavelmente nesse momento várias pessoas estão passando pelo mesmo problema, então acredito que meu post vai ajudar muita gente que também sofre com essa doença.

Pensei em fazer um post só sobre o assunto, no final de tudo. Mas também achei que seria melhor fazer tipo um diarinho sobre o tratamento, para que vocês possam acompanhar em tempo real.

Então, vamos começar pelo começo!

tireoide

Como eu descobri?

Se você acredita em Deus (assim como eu), saiba que eu tenho certeza que teve um dedo Dele nessa história toda.

Eu faço exames de rotina todo ano com minha clínica geral, que é minha médica desde que eu tinha 15 anos.

Todo ano eu fazia os exames comuns: sangue, urina, raio-x, essas coisas de sempre.

Até que ano passado, por eu ter acabado de completar 30 anos, minha médica resolveu fazer um check-up completão. Além dos exames normais, ela pediu dois exames do coração e um ultrassom de tireoide.

É importante frisar aqui que ultrassom de tireoide não é um exame rotineiro. Geralmente os médicos pedem exame de sangue e nele medem a quantidade de T3 e T4, hormônios fabricados pela tireoide. E também fazem um exame de palpação do pescoço a procura de nódulos.

Caso haja alguma alteração no exame de sangue ou algum nódulo no pescoço, aí sim o médico pede o ultrassom.

No meu caso, eu não tinha nenhuma alteração sanguínea e  nem nódulo, mas Deus colocou a mão na cabeça da minha médica e ela “do nada” resolveu pedir esse exame.

Lembro até hoje dessa consulta:

– Tô te pedindo vários exames de sangue e do coração, pra gente ver como seu corpo tá funcionando.

– Ah, vamos pedir um ultrassom de tireoide também, não custa nada.

O resultado do ultrassom

Quando minha médica pegou o ultrassom, ela viu dois pequenos nódulos na imagem.

Na hora ela já me alertou que nódulos na tireoide são bem comuns e que eu não precisaria me preocupar tanto ou ficar com medo. Até porque cerca de 90% dos nódulos de tireoide são benignos.

Mas ela disse que eu precisava investigar e me encaminhou para um endocrinologista.

No endocrinologista

Quando cheguei no endocrinologista ele já me alertou dizendo o mesmo que minha médica, que a maioria dos nódulos de tireoide são benignos, que eu não tinha porque me preocupar ainda.

Então ele me pediu uma punção de tireoide, um exame em que uma agulha é injetada diretamente no nódulo dentro da tireoide (dói!).

O líquido recolhido é enviado para análise para verificar se o nódulo é benigno ou maligno.

Resultado da punção

Existem basicamente 3 resultados de uma punção de tireoide: benigno, maligno e suspeito.

Além disso o resultado vem com uma classificação chamada de Bethesda, específico para exames citológicos da tireoide.

Classificação de Bethesda

Classificação de Bethesda

O meu resultado foi: Classificação de Bethesda IV – Suspeito de neoplasia folicular.

Ou seja, meus nódulos eram suspeitos, podiam tanto ser malignos como benignos.

Nesses casos os médicos realizam a cirurgia de tireoidectomia, que é a retirada parcial ou total da tireoide, pois se existe a possibilidade de ser maligno é melhor cortar o mal pela raiz logo.

Mas a certeza mesmo que ele seria maligno ou benigno eu só iria descobrir depois da cirurgia.

Com esse resultado, o endocrinologista me encaminhou para um cirurgião de cabeça e pescoço.

A cirurgia de tireoidectomia

Fui ao cirurgião de cabeça e pescoço e ele já pediu os exames pré-operatórios, além de me explicar passo a passo como seria a cirurgia.

Como estava perto do natal e eu não queria passar as festas de molho, perguntei se podia adiar a cirurgia.

Ele disse que não teria problema e minha cirurgia ficou marcada para o dia 30 de janeiro.

Meu médico me disse que ele iria abrir, retirar o tumor da tireoide e enviar para análise ainda dentro do centro cirúrgico, porque caso fosse benigno, ele iria manter pelo menos a metade dela.

Depois da cirurgia o médico foi falar com minha mãe e confirmou o diagnóstico:

“Era um tumor maligno e tive que retirar a glândula tireoide inteira. A parte boa é que retirei tudo, e com isso ela tem 100% de chances de cura.”

Então assim, foi um susto que passou rápido. Ao mesmo tempo que descobri que era câncer, descobri que eu não o tinha mais, hahaha!

A recuperação

Diferente das outras cirurgias que já fiz (nódulo de mama, nariz e vesícula, sou toda remendada), essa recuperação foi um pouco mais complicada.

Passei bem mal após acordar da anestesia e me senti muito mais cansada, afinal essa cirurgia foi bem mais agressiva que as outras.

Saí do hospital no dia seguinte e o maior incômodo é a sensação de garganta inflamada constante, que também é normal no caso da tireoidectomia e que costuma sumir depois de 1 semana mais ou menos.

Hoje, 5 dias após a cirurgia, ainda sinto esse incômodo na garganta que atrapalha um pouco pra comer. Sinto também uns enjoos esporádicos e queimação no estômago, que o médico disse ser causado pelo excesso de medicamentos.

Acabo de voltar no consultório médico para a primeiro retorno pós cirurgia. Ele só olhou os pontos para ver se estava tudo certo com eles e já me receitou os hormônios que precisarei tomar.

No início ele me passou uma dose geral, só até eu fazer o tratamento com iodo. Depois disso alguns exames de sangue serão feitos para regular a quantidade de hormônios até chegar numa dose que seja ideal pra mim.

O tratamento – Iodoterapia

Diferente dos outros tipos de câncer, o tumor de tireoide não responde bem aos tratamentos de quimio e radioterapia.

Nesses casos o tratamento utilizado é a iodoterapia.

Ele é relativamente simples, é só tomar uma quantidade de iodo estipulada pelo médico e pronto.

A parte chata mesmo é a preparação para o tratamento, que precisa de dieta especial, ficar sem maquiagem (pronto, morri agora) e mais alguns outros cuidados. O tratamento deve ser feito em um local especializado e é preciso ficar em isolamento total, pois o iodo é radioativo.

Nem todo mundo que têm o câncer de tireoide precisa fazer esse tratamento, depende muito do tipo do tumor.

Eu vou precisar fazer e vou contar aqui no blog como vai ser essa preparação e o tratamento.

A reposição hormonal

A tireoide é responsável pela fabricação dos hormônios T3 e T4, que controlam todo nosso corpo. É impossível viver sem esses hormônios e quando a tireoide é retirada, é preciso fazer uma reposição desses hormônios via comprimido, pra sempre.

O cirurgião de cabeça e pescoço junto com o endocrinologista indicam a quantidade de hormônio a ser tomada, quantidade essa que varia de pessoa para pessoa.

É preciso um tempo de adaptação entre o paciente e o médico até que se possa dosar a quantidade ideal de hormônio para cada caso.


Bom, acho que nesse primeiro momento é isso que tenho pra falar.

Por mais que tenha sido um susto, passou rápido! E agora vou me preparar pra fase mais chata do tratamento que é a iodoterapia.

Eu estou agradecendo a Deus todos os dias por essa chance que Ele me deu, porque eu nunca teria descoberto esse câncer no início se minha médica não pedisse esse exame.

E claro, posso dizer que a médica foi o anjo que Deus mandou para me dar uma segunda chance na vida!

Quero agradecer do fundo do coração todo o apoio que vocês me deram na cirurgia e continuam me dando agora, após o diagnóstico!

Vocês me ajudaram a me deixar mais calma para a cirurgia e estão me dando ânimo para continuar com o tratamento.

E lá vou eu ficar radioativa! Hahaha!

Muito obrigada! <3

Beijokas!

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