Fisioterapia – a profissão

Olá!

Na semana passada eu fiz um post falando sobre como é o curso de fisioterapia, a pedidos de algumas leitoras.

Hoje vou falar um pouco sobre a profissão, como é trabalhar com isso e como está o mercado de trabalho no momento, ok?

Fisioterapia – a profissão

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Bem difícil pra mim falar da fisioterapia, já que é uma profissão que eu gosto muito e não vou encontrar defeitos sobre ela, hahaha!

Para trabalhar com fisioterapia você precisa de duas coisas: gostar de pessoas e muito amor.

Você precisa amar o que faz. Você precisa amar seus pacientes. Precisa gostar de pessoas, de lidar com as pessoas e de tocar nas pessoas. Ao meu ver, a profissão da área da saúde que tem a maior interação profissional-paciente é sem dúvida a fisioterapia.

Seu paciente vai ver o médico dele a cada 3 meses. Vai ver o dentista a cada 6. O enfermeiro só quando precisar ir no hospital e na maioria das vezes não será atendido pelo mesmo profissional quando voltar.

Agora, seu paciente verá você no mínimo duas vezes por semana. Muitas vezes verá 3 vezes por semana ou até todos os dias. Você fará parte da vida dele por muitos anos. Vai se tornar o confidente dele para quem ele vai contar contas coisas que nunca contou pra ninguém. Você vai fazer parte da família dele.
Então esteja ciente disso ao entrar pra essa profissão.

Áreas de trabalho

Como falei no post do curso de fisioterapia, existem várias áreas que você pode atuar e cada área vai precisar que você seja de um jeito. Basta escolher a área que tem mais a ver com você.

Na fisioterapia esportiva, por exemplo, tudo precisa ser muito rápido e dinâmico, já que você precisa reabilitar o seu paciente o quanto antes para que ele volte as suas atividades normais do esporte. Então se você é uma pessoa mais agitada provavelmente você se dará muito bem na área esportiva.

Na fisioterapia em UTI é a mesma coisa, você precisa atender vários pacientes entubados, cheios de aparelhos, e tudo precisa ser rápido para que você consiga atender todos os leitos do seu plantão. Sem contar que a qualquer momento um paciente pode ter uma parada respiratória ou cardíaca e você, assim como todos os profissionais que trabalham na UTI, precisam estar a postos para qualquer emergência. Agilidade e calma aqui é primordial.

Na fisioterapia neurológica a paciência tem que ser sua principal característica, pois você vai atender muitos pacientes idosos e com deficiências, que geralmente são mais lentos e tem maior dificuldade de aprender as coisas. Você as vezes vai precisar repetir um exercício várias vezes até que ele consiga realizá-lo de forma correta. E a paciência aqui também é necessária em relação ao tratamento, que costuma ser bem lento quando a deficiência é causada por problemas neurológicos.

Enquanto na fisioterapia ortopédica você consegue dar alta para um paciente depois de 10 ou 20 sessões, na fisioterapia neurológica são anos de tratamento até que você dê alta para ele. Em alguns casos essa alta nem vai existir, o tratamento é contínuo para evitar que as sequelas se agravem.

Na pediatria a paciência precisa ser em dobro! Imagina como é difícil fazer uma criança fazer exercícios, minha gente? Nos primeiros dias a criança chora, não quer fazer nada, as vezes tem até medo de você (muitas vezes eu precisava tirar o jaleco pra não causar medo nas crianças!), mas depois de um tempo você pega o jeito, ela se apega em você e em poucos dias você já se torna a “tia da fisioterapia” dela. E posso, dizer? É uma delícia! <3

Enfim, cada área tem seus prós e contras e no estágio você vai saber direitinho o que você mais gosta e o que você não gosta.

Campo de trabalho

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A fisioterapia sofre um grande problema aqui no Brasil, a falta de reconhecimento.

A população não tem noção de quanto a fisioterapia é importante para a saúde delas e por isso acabam não procurando os profissionais quando é necessário.

Quantas pessoas você já não ouviu falando que a fisioterapia não serve para nada? Eu já ouvi várias!

Alguns médicos mais antigos também não acreditam muito na nossa profissão, preferindo receitar vários medicamentos e cirurgias para algo que poderia ser resolvido facilmente só com a fisioterapia.

Isso acontece também por parte do governo, que contrata menos profissionais do que é necessário para um bom funcionamento de um centro de fisioterapia.

Existem vários estudos que comprovam que a fisioterapia precoce nos hospitais diminui o tempo de internação, diminui o risco de infecções hospitalares e acelera a reabilitação do paciente , mas sabemos que existem vários hospitais (públicos e particulares) que não oferecem esse tipo de atendimento. O hospitais contratam 3 ou 4 fisioterapeutas para atender um hospital inteiro, e com isso os profissionais acabam atendendo apenas os pacientes mais graves e da UTI.

Ou seja, a falta de reconhecimento vem de ambos os lados, com isso o nosso campo de trabalho diminui bastante, principalmente nos grandes centros onde há muita procura e pouca oferta.

Então vou ser realista: o campo de trabalho do fisioterapeuta não está um dos melhores no momento. Mas na verdade esse problema não é específico da fisioterapia, pois sei que fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos também vêm sofrendo com a alta taxa de desemprego.

Porém acredito que uma mudança já está começando a ocorrer no Brasil de uns tempos para cá. As pessoas não querem mais viver tomando medicamentos, as pessoas não querem mais ficar doentes a toa, as pessoas não querem mais fazer cirurgias desnecessárias. E por isso estão tentando mudar seus estilos de vida buscando terapias alternativas e formas de se melhorar a qualidade de vida.

E é aí que nós, fisioterapeutas e os outros profissionais de saúde iremos entrar. Tratando as pessoas que já estão doentes e trabalhando para evitar que essas doenças voltem ou que novas existam.

As outras áreas da fisioterapia, como a neurologia, pediatria e a UTI estão começando a ficar mais reconhecidas, as pessoas estão enxergando com os próprios olhos o bem que a fisioterapia pode fazer a um paciente com sequelas.

Em questão de pouco tempo a fisioterapia será tão bem reconhecida aqui no Brasil como já é lá fora, em países como Austrália e Canadá.

Salário

Se você quer ser rico, sinto lhe dizer, mas a fisioterapia não vai te dar muito dinheiro.

Lógico que existe um ou outro profissional que consegue chegar mais longe, assim como em qualquer outra profissão.

Mas de uma forma geral, a fisioterapia não tem um salário lá muito alto.

O piso salarial para um fisioterapeuta para 30 horas de trabalho semanal é em média R$2.400,00.

Então para ser fisioterapeuta é preciso realmente amar o que faz. Se você está entrando nessa pelo dinheiro, melhor procurar outra profissão! 😉

Mas existem coisas que a fisioterapia traz que, pra mim, é mais valioso que qualquer dinheiro. São algumas delas:

  • A primeira vez que você coloca seu paciente em pé;
  • Seu paciente vir te dizer todo contente que conseguiu fazer algo que não conseguia antes;
  • A lágrima escorrida da mãe de um paciente ao ver seu filho dando os primeiros passos;
  • Seu paciente que estava em estado grave na UTI indo embora acordado e consciente para o quarto;
  • Ver seu paciente largando as muletas e caminhando sozinho;
  • Ouvir que ele não sente mais dores.

E o mais importante de tudo: o obrigado, seguido de um sorriso sincero e um abraço apertado. Não tem dinheiro que pague essa gratificação. E se você quer uma profissão que vá te fazer verdadeiramente feliz, escolha a fisioterapia. 🙂 <3


Eu amo minha profissão e não penso em largá-la por nada. Já troquei algumas vezes de área e mesmo assim continuo amando todas as que trabalhei.

Estou apaixonada pelo pilates e muito feliz de estar entrando nesse mundo agora! No próximo post falarei um pouco sobre o curso, combinado?

Beijokas!

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